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José Decq Mota dá aula sobre caça à baleia a Alunos do Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular da Escola António José de Ávila, da Horta

José Decq Mota deu uma aula sobre baleação a cerca de 40 alunos e professores

Nos Açores, a caça à baleia terminou no ano de 1984, mas a temática continua a suscitar interesse e curiosidade. Com o intituito de dar a conhecer aquele que foi um dos mais importantes pilares da economia do Faial, o Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC) da Escola Básica Integrada António José de Ávila, da Horta, passou a manhã desta sexta-feira, dia 15, no Clube Naval da Horta (CNH).

O Presidente da Direcção do CNH, José Decq Mota, deu as boas-vindas a alunos e professores naquela que foi a última acção deste Projecto: uma aula, com componente teórica e percurso prático sobre a história da caça à baleia.

Este Dirigente recordou que o nosso país aderiu, “e bem”, ao acordo internacional que pôs fim à actividade baleeira, explicando que nesta faina havia dois tipos de embarcações: a lancha da baleia, que rebocava os botes, e os botes baleeiros, “uma embarcação excelente” que ficou sem uso com o fim desta actividade. Portanto, “o destino seria o abate”. Contudo, “foi graças ao empenho de um conjunto de pessoas de várias ilhas que este património foi salvo”. Referindo-se ao bote baleeiro, disse tratar-se de “uma embarcação antiga, tradicional e excelente”. E assegurou: “Dá muito gozo viajar nela”.

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Na rampa, junto aos botes, ouviram-se explicações e fizeram-se perguntas

Tratava-se de uma caça manual, que tinha como arma o arpão. Para tanto, o bote tinha de se aproximar bem do animal, a fim de que o arpão o pudesse trancar. Podia-se trancar à vela e a remos. Uma vez trancadas e mortas, as baleias eram trazidas para terra, depois de amarradas ao bote, que era rebocado pela lancha baleeira.

Actualmente, existem no Faial 8 botes baleeiros – sendo 2 do CNH: o “Claudina” e o “Maria da Conceição” – e uma lancha no activo, a “Walkiria”. Todo este património – que no Faial movimenta mais de uma centena de pessoas – é usado em regatas à Vela e a Remo. Estas embarcações são utilizadas para treino, passeios e competição, local e regional. José Decq Mota vincou, além da vertente lúdica, “a intensa actividade desportiva”, tendo como destinatários centenas de pessoas, dos Açores e de diferentes partes do mundo.

No domínio competitivo, todos os anos é disputado o Campeonato de Ilha do Faial e o Campeonato Regional. Em 2016, o Campeonato Regional decorreu na ilha das Flores, em 2017 teve como palco a ilha de Santa Maria e este ano será na Terceira.

E sendo a lancha da Comissão de Regatas, a “Walkiria” navegou até às Flores e Santa Maria, garantindo a sua presença na ilha Terceira, em Julho deste ano. Essa é, precisamente, uma das missões da “Rainha dos Mares” dos Açores, “uma boa lancha de mar”, também usada como lancha da Comissão de Regatas no Faial e no apoio às diversas actividades do CNH.

No tempo destinado à colocação de questões, o mais alto Responsável pelos destinos do CNH explicou que o conjunto dos apetrechos usado em cada um dos botes, designado como palamenta, é guardado num armazém.

No Pico existem 22 botes baleeiros, o que em conjunto com os 8 do Faial, perfaz um total de 30. Ao todo, são 42 os botes que actualmente navegam nos Açores, número que era “muito superior” no tempo da baleação.

Antes de passar à etapa seguinte – o passeio a bordo da “Walkiria” e nos semi-rígidos atendendo ao número de alunos – José Decq Mota fez votos para que alguns destes estudantes venham a ser velejadores do CNH.

A segurança é um dos aspectos em que o Clube Naval da Horta costuma primar, orgulhando-se da forma como é implementada e levada a sério. Por isso, todos se equiparam com o colete, tendo alguns sido ajudados nessa tarefa.

Os alunos foram acompanhados pelos professores intervenientes: Paula Gomes, Coordenadora do Projecto; João Feitor e Maria de Jesus Silva.

Nesta aula pedagógica e histórica que teve como mestre um defensor acérrimo de tudo o que possa significar actividade, preservação e divulgação deste património identitário do Faial e dos Açores, José Decq Mota manteve a preocupação de ir anunciando os diferentes momentos e os actores envolvidos. Assim sendo, explicou que um dos semi-rígidos do CNH tinha sido baptizado com o nome de “Éric Tabarly” em homenagem a esse grande navegador francês, que esteve no Faial, onde tem amigos; e que o “Piloto João Lucas” – que dá nome ao outro semi-rígido – foi um dedicado instrutor de Vela. “Foi uma pessoa com grande mérito na minha geração e com quem muito aprendi”.

José Decq Mota realçou o “grande gosto” do CNH em associar-se a este Projecto da Escola Básica Integrada António José de Ávila, da Horta – instituição de que é parceiro noutros programas – e apresentou a equipa (ali presente) da instituição náutica a que preside: Duarte Araújo, Coordenador da Escola de Vela do CNH; Vítor Mota, Mestre da “Walkiria” e membro da Direcção do CNH; Diogo Nunes, Técnico de Conservação de Embarcações; Mestre “Catita” (Armando Oliveira), Encarregado de Instalações; Francisco Rosa, Colaborador empenhado do CNH, que, sendo terceirense, é um grande defensor do Faial, onde passa grande parte do ano; e a Jornalista do Gabinete de Imprensa do CNH.

Acompanhou parte da viagem, Miguel Mendes, professor das duas turmas que dão corpo ao Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, com a missão de fazer um vídeo sobre esta actividade tendo, para isso, se socorrido do seu drone.

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José Decq Mota apelou a que o embarque fosse feito de forma calma e ordeira

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O Presidente da Direcção do CNH esteve sempre atento ao conjunto das três embarcações envolvidas neste passeio baleeiro. O Mestre Vítor Mota foi apoiado por Diogo Nunes e Francisco Rosa

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Mestre “Catita”, no “Piloto João Lucas”, fez as delícias da sua tripulação

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Duarte Araújo conduziu o “Éric Tabarly”, onde seguia o professor Miguel Mendes, que pediu para que todos acenassem à passagem do drone

Após a largada do CNH, as três embarcações deram uma pequena volta no sentido da Avenida, rumando ao Monte da Guia, tendo como destino a Fábrica da Baleia (em obras) em Porto Pim. Foi aqui, na Baía de Porto Pim, com as três embarcações reunidas, que Jose Decq Mota completou a lição sobre a baleação, recordando que “antigamente este cenário belíssimo não podia ser usufruído. “Esta praia excelente que hoje vemos, no tempo em que eu cresci não era usada.  E porquê? Porque aqui tínhamos a fábrica da baleia. Depois de apanhadas e mortas, as baleias eram transportadas até a este local e transformadas nesta indústria. De Maio a Setembro, a praia estava sempre suja de gordura, sangue e restos destes animais. As lanchas que andavam na faina eram varadas na rampa debaixo daquela chaminé e a fábrica primitiva ficava situada onde hoje se encontra o Oceanário”.

Durante a viagem, marcada pelo bom tempo e sol ardente que convidava a um mergulho, a professora Paula Gomes referiu que, “ao longo do ano lectivo, os alunos aplicaram os conteúdos leccionados a cada maravilha”. E frisou: “Todas as disciplinas entraram neste Projecto”.

Questionada sobre a aceitação dos alunos, atendendo a que foram seleccionados para integrar o PAFC, a Coordenadora responde: “Aceitaram bem. Digo sempre que tiveram muita sorte com este Projecto, através do qual puderam ter acesso a muita informação nova e de grande valor. Cada Escola aderente optou por uma temática própria. Nós escolhemos “As Sete Maravilhas da Horta”, descobrindo-as com finalidade. Pretendeu-se que o que eles aprenderam tivesse implicações práticas, apreendendo a cultura local. A nossa ideia foi: se estes alunos vivem numa ilha, o que é que se afigura importante para eles? O tema escolhido foi uma forma de aprenderem coisas novas e de as porem em prática”.

Neste dia, a “Walkiria” – uma lancha histórica construída em 1937, que, com o seu potente e moderno motor mostrou que é capaz de navegar a todo o gás – foi testemunha da alegria dos seus tripulantes que, ao perceberem o privilégio que tinham de seguir a bordo da mesma, entoaram canções do seu Projecto, com a ajuda da professora Maria de Jesus Silva:

Se o tempo é dinheiro

Eu vou gastá-lo na Horta

Até porque o tempo

É tudo o que tenho para dar 

Eu acho que o mundo inteiro

Decerto concorda

Eu não quero desapontar

Ooooooohhhh....

Hino do Projecto

“Vais conseguir… o projeto”

Um ciclo terminou /Mas vou continuar

A escola não parou /É vencer e ganhar

Vou seguir um projeto/E sei que sou capaz

Em frente vou seguir/P´ra ser forte bem audaz

Vou ter dificuldades /Barreiras encontrar

Eu vou-me empenhar /Pois quero aprender

Ninguém me faz mudar /Vou ser eu a escolher

  Refrão:   Ser doutora, professor

                   Cientista ou pintor

                   Astronauta, orador

                   Ou até ser o melhor cantor

                      Tu vais conseguir

                      E acreditar

                      Não vais desistir

                     E o projeto terminar

                     Tu vais conseguir

                     Estudar e aprender

                     Não vais desistir

                     Maravilhas eleger

A professora: Maria Jesus Silva

O passeio, que permitiu observar a cidade de outra perspectiva, olhando o casario, os monumentos, Porto Pim com o seu encanto, as furnas por debaixo do Monte da Guia, as caldeirinhas protegidas, a encosta e a paisagem num retrato sempre belo e sempre único, fez-nos perceber o porquê de tantos de outras paragens adoptarem a nossa Terra como sua, fazendo dela a Capital Oceânica do Iatismo, a Marina mais concorrida de Portugal (a 2ª da Europa e a 4ª do Mundo), numa das Mais Belas Baías do Mundo, dentro da Cidade-Mar, onde acontece o maior Festival Náutico do País: a Horta!

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Em Porto Pim, José Decq Mota completou a aula sobre a baleação

O que é o PAFC? 

A Escola Básica Integrada António José de Ávila, da Horta, foi, em conjunto com outras 5 dos Açores, uma das que abraçou o Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, que decorreu ao longo do ano lectivo que agora findou: 2017/2018.

Trata-se de um projecto de âmbito nacional, proposto pela Direcção-Geral da Educação, que proporcionou aos alunos a possibilidade de aprenderem mais sobre a sua terra. Refira-se que os conteúdos sobre os Açores e em particular sobre a ilha do Faial, não figuram nos manuais escolares, pelo que esta foi uma oportunidade especial e única para estes estudantes poderem sair mais enriquecidos deste percurso lectivo.

De acordo com a professora Paula Gomes, Coordenadora do PAFC, foram seleccionadas as Turmas B e G do 5º ano que, “a nível experimental”, desenvolveram as diversas temáticas propostas. Participaram cerca de 42 alunos e 14 professores, sendo o balanço final “muito positivo”.

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Alunos da Turma do 5º B

 “As Sete Maravilhas da Horta” foi o tema escolhido pelo Projecto, sendo que, no 1º período as turmas desenvolveram as maravilhas “Aquário de Porto Pim” e “Museu Scrimshaw”; no 2º período realizaram actividades sobre as maravilhas “Museu e Matriz da Horta” e, no 3º período, estas duas turmas efectuaram trabalhos sobre as maravilhas “Cedar’s House”, “Casa dos Dabney” e, no final do ano lectivo, a “Baía da Horta”. Paula Gomes explica que “todas as disciplinas estiveram envolvidas e os alunos ao desenvolverem o Projecto foram adquirindo as Aprendizagens Essenciais de cada área disciplinar, o que promoveu não só o trabalho colaborativo entre alunos e professores, como, também, a articulação multidisciplinar, o envolvimento dos encarregados de educação e, por conseguinte, o sucesso de todo o processo de ensino e aprendizagem”. A Coordenadora do PAFC salienta que “este Projecto tem como principal objectivo tornar o currículo mais flexível e fazer com que os alunos realizem aprendizagens realmente significativas para que alcancem o Perfil de Saída do Aluno”. E destaca: “Os alunos ao conhecerem melhor a sua ilha, cultura e meio envolvente vão tornar-se cidadãos mais interventivos, mais cooperantes, com mais sentido crítico, mais criativos, mais autónomos e responsáveis”.

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Alunos da Turma do 5º G

“Para que o Projecto fosse exequível, contou com a colaboração de vários parceiros, entre os quais o Clube Naval da Horta que proprocionou aos alunos uma experiência muito enriquecedora e inesquecível, através do passeio e das explicações do senhor Presidente do CNH, José Decq Mota, fechando com chave de ouro o Projecto no presente ano lectivo, que, esperamos, tenha continuidade nos anos subsequentes”, salienta Paula Gomes.

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Os alunos exibem, orgulhosamente, os Diplomas recebidos

A aula no CNH encerrou este ano lectivo, tendo os alunos recebido, neste mesmo dia, os Diplomas comprovativos da sua participação no PAFC.

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