Entrevista CNH: Ricardo Silveira e Tiago Serpa - Campeões Regionais da classe 420 na época 2015/2016
O Gabinete de Imprensa do CNH esteve à conversa com a dupla faialense que venceu o Campeonato Regional de Vela Ligeira, na classe 420, na presente época. Ricardo Silveira tem 15 anos, está no 11º ano na área de Ciências e Tecnologia e adora o mar e a Vela. Tiago Serpa, 16 anos, está no 10º ano, também em Ciências e Tecnologia, e toca guitarra. Ambos partilham a mesma paixão: o mar.
Gabinete de Imprensa: Qual era a vossa relação com o mar antes de entrarem para a Vela e o que mudou nessa relação depois de estarem na Vela?
Ricardo Silveira: Eu sempre me dei bem com o mar, desde criança que adoro ir à praia e fazer todas as atividades relacionadas com o mar. Entrar para a Vela só ajudou ainda mais essa relação. Gosto cada vez mais do mar e, mesmo depois de ir lá para for ou depois terminar os estudos, gostava imenso de continuar uma atividade relacionada com o mar.
Tiago Serpa: O meu pai costumava dizer que era difícil tirar-me da água, sempre gostei muito de estar no mar. Depois de experimentar a Vela, senti-me à vontade, foi uma atividade que gostei e me senti bem.
Gabinete de Imprensa: Há quanto tempo praticam Vela?
Tiago Serpa: Pratico desde 2008, tinha 8 anos quando entrei para a Vela. Foi através de um amigo que me tinha falado e decidi experimentar. E cá estou, até hoje.
Ricardo Silveira: Eu entrei para a Vela em 2010, tinha 10 ou 11 anos, através das férias desportivas. Depois de uma volta de raquero, fiquei super entusiasmado e decidi inscrever-me na Vela. Nunca mais desisti.
Gabinete de Imprensa: Após terminarem a classe Optimist, quiseram experimentar Laser ou passaram logo para 420?
Tiago Serpa: Fomos diretamente para os 420, por causa do nosso treinador na altura, Pedro Cipriano. Ele sugeriu que experimentássemos fazer uma equipa de 420, que eu fosse à proa e o Ricardo ao leme e correu bem.
Gabinete de Imprensa: Há quanto tempo estão em 420?
Tiago Serpa: Este é o nosso terceiro ano. Na primeira época ficámos em terceiro lugar do ranking, muito perto do segundo. Na segunda época, no ano passado, ficámos em segundo lugar e fomos ao Nacional em Sesimbra. Este ano conseguimos então ganhar o Campeonato Regional. A próxima época será então a nossa última.
Gabinete de Imprensa: Em termos de equipa, trabalham bem juntos, dão-se bem?
Tiago Serpa: Somos uma equipa, já nos habituámos depois destes anos. Claro que às vezes há os desentendimentos normais de qualquer equipa de 420. Mas penso que até trabalhamos bastante bem.
Gabinete de Imprensa: Treinam muito? Definem algum objetivo de tempo mínimo de treino por semana?
Tiago Serpa: Nós tentamos treinar 3 dias por semana. Tentamos treinar os dois dias do fim-de-semana e arranjar um dia de semana, que normalmente é a sexta-feira, em que ambos temos a tarde livre. Falamos com o treinador Duarte, normalmente está mais disponível, e vamos treinar.
Mas varia. De inverno podemos treinar menos, porque temos menos tempo com luz, mas de verão por vezes treinamos até às 19h, depende do tempo que os treinadores Duarte e Zé Miguel têm e das condições do vento. Tentamos treinar sempre o máximo de tempo possível.
Gabinete de Imprensa: Terminaram a competição regional agora e seguem já para a nacional. Sentem que estão já preparados ou ainda querem treinar mais? Vão intensificar mais ainda os treinos?
Tiago Serpa: Nesta altura é complicado, temos o treinador Duarte a acompanhar os Optimist no Nacional e o treinador Zé Miguel também acumula outras funções no Clube, por isso vai ser mais complicado. Mas vamos tentar introduzir mais alguns treinos ao longo da primeira semana de férias.
Gabinete de Imprensa: Ficaram em segundo lugar no ano passado. Para este ano havia o objetivo de vencer finalmente um campeonato regional? Era importante obter esse título?
Tiago Serpa: Era um desafio que tínhamos definido a nós mesmos. A equipa que venceu na época passada entretanto saiu, mas no nacional nós conseguimos ficar à frente deles e vimos que se conseguíssemos equivaler o nível deles no nacional do ano passado, seria possível vencer o regional.
Gabinete Imprensa: Traçaram objetivos para este Nacional?
Ricardo Silveira: Tendo em conta que no ano passado foi para aprender e tentarmos perceber onde é que estávamos em relação à frota nacional, o nosso objetivo este ano seria tentar chegar aos 20 primeiros. É difícil, mas vamos tentar.
Tiago Serpa: Lá fora é um nível bastante mais elevado e complicado. Damos sempre o máximo por isso, porque os treinos lá são mais intensos e são diferentes. Eles têm mais provas, normalmente com frotas de 30 barcos, enquanto que as nossas provas regionais costumam ter nove ou dez barcos e nós aqui no clube treinamos apenas com 3 barcos.
Por exemplo, só a frota do Clube de Vela Atlântico é composta por nove 420 e treinam regularmente esses nove barcos. Aqui seria o equivalente a uma prova regional. Por isso o nível lá fora é muito maior.
Gabinete de Imprensa: Qual o balanço que fazem desta época que termina?
Tiago Serpa: Houve certos problemas, houve regatas que correram menos bem. Por vezes também houve certos aspetos, como as condições do tempo com menos vento, que não nos favorecem nada. Preferimos vento de maior intensidade, com pouco vento já as outras equipas nos apanham melhor, temos que lutar e estar mais concentrados para conseguir estar à frente. Quando está mais vento conseguimos relaxar mais, é o que estamos habituados e mais à vontade. É um fator a ter em conta, houve dias de pouco vento que prejudicaram nas regatas.
Mas fomos tentando dar a volta. Fomos tendo em conta que os outros também foram evoluindo, alguns surpreenderam-nos pela positiva, estão melhores do que estávamos à espera, o que também é bom para nós, porque há mais competitividade. Esteve sempre tudo em aberto, não foi assim tão fácil, estivemos sempre que estar atentos e concentrados.
Gabinete Imprensa: Ponderavam uma atividade profissional relacionada com o mar, com a Vela? Já têm ideia do que gostavam de seguir profissionalmente?
Tiago Serpa: Não tenho assim uma ideia muito fixa, mas também tenho falado com os meus pais sobre isso. No Regional em São Miguel, tivemos uma palestra com um senhor que é skipper profissionalmente. Ele fez uma apresentação sobre a vida dele, como é que tirou o curso, o que fazia. Foi interessante. Para muitos velejadores é um sonho. É umas das coisas que gostava de fazer, mas não sei bem ainda.
Se não for algo relacionado com mar, estou na área da Ciência e Tecnologia, o que me dá um leque variado de opções.
Ricardo Silveira: Comigo é exatamente o mesmo. Estou na mesma área de estudos que o Tiago, mas não tenho ainda uma ideia muito definida.
Gabinete Imprensa: Se não fossem velejadores, que outro desporto é que praticariam?
Tiago Serpa: Futebol não era, não gosto (risos). Experimentei jogar andebol e até gostei, mas depois tinha jogos todos os fins-de-semana e tinha que conciliar com os treinos de Vela. Era muito apertado e tive que optar. Também experimentei a natação, gostei bastante, mas tive que sair para conciliar com as aulas.
Ricardo Silveira: Eu comecei na natação, andei lá cinco anos. Comecei com o propósito de aprender a nadar, mas acabei por gostar imenso e comecei a fazer competição. Passado algum tempo, fartei-me um bocado. Treinava muito durante a semana, passava muito tempo na piscina e depois os estudos também foram um bocado afetados por causa disso. Desisti e entrei para a esgrima, tive lá um ano e pouco. Também gostei muito dos primeiros momentos, mas depois foi a mesma história da natação: não era algo que me fascinava. Depois numas férias desportivas descobri a Vela e fascinou-me, é sempre um desporto diferente. Todos os dias são diferentes no mar.
Gabinete de Imprensa: Depois dos estudos, gostavam de voltar ao Faial ou ficar por fora?
Tiago Serpa: Os meus pais dizem para arranjar um trabalho e sair daqui. Fazer vela aqui é muito mais acessível. Mas ainda não pensei muito sobre o que vou fazer depois.