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Entrevista ao Campeão Mundial da Classe Platu 25 2013, Manuel Vilarinho
Tem 14 anos e chega-nos do Clube de Vela da Costa Nova, da cidade de Aveiro, e é o campeão mundial de uma classe da vela um pouco diferente do que se vê aqui pelo Faial: Platu 25.
Esta classe pratica vela num iate com cerca de 7 metros de comprimento e pode velejar com um mínimo de quatro tripulantes e um máximo de 400kg de tripulação.
Em 2013, o Campeonato foi disputado em Portosín, na Espanha e a tripulação do Credite EGS necessitava de um elemento que não ultrapassasse os 40kg de peso, uma vez que ficariam fora do peso máximo permitido. Renato Conde, membro da tripulação e conhecido do pai de Manuel Vilarinho, convidou-o para participar, tendo para isso que apenas ajudar a fazer peso. Tinha apenas 12 anos. E voltou um orgulhoso campeão do mundo!
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Como foi para participares num campeonato do mundo tão novo? Faltava um certo número de quilos e tu correspondias ao número que eles precisavam?
Manuel Vilarinho: Sim, um membro da tripulação falou com o meu pai no verão e pensei que era uma brincadeira. Depois em Setembro, um dia antes do campeonato começar, ligaram-me e eu estava na escola. Tive de ir logo para Espanha com os meus pais e lá participei na prova.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Qual era a tua tarefa a bordo?
Manuel Vilarinho: Principalmente era fazer peso. Não tinha muitas tarefas, porque eu era o menos experiente do barco e o mais novo.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: O que é que sentias da tua experiência da Classe Optimist naquela frota e com aqueles velejadores adultos?
Manuel Vilarinho: Noto uma diferença grande, porque eles têm uma experiência muito maior, faziam tudo muito mais a sério, muito concentrados e sem brincadeiras. Uma das diferenças do Platu 25 para o Optimist é as largadas. Nós aqui largamos parados enquanto que o Platu 25 tem que largar mais atrás, para ter velocidade, senão fica parado.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: O que sentiste quando soubeste que eras um campeão do mundo e começou a tocar o hino?
Manuel Vilarinho: Muita alegria. Eu estava maluco, porque não sabia bem para o que ia. Tinha 12 anos e ainda não acreditava bem no que me tinha acontecido. Até tive que perguntar algumas vezes o que era aquilo, porque eu nunca pensei que era um campeonato do mundo, mas um campeonato de Espanha ou de Vigo apenas.
A equipa campeã do mundo em 2013: Em cima, da esquerda para a direita, Afonso Domingues, Gil Conde, Renato Conde, Pedro Patrício e Hugo Rocha. Em baixo, Manuel Vilarinho
Manuel Vilarinho e os companheiros de equipa na entrega de prémios
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Quanto aos Açores, estás a gostar? Já cá tinhas vindo?
Manuel Vilarinho: Ainda não tinha vindo cá, mas é muito bom. Gosto muito de mar assim diferente. As pessoas aqui são muito simpáticas, o Clube Naval da Horta é bom, acho que tem boas condições, a rampa é boa. Eu gosto dos Açores.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Já conheceste os velejadores do CNH?
Manuel Vilarinho: Sim, já os conhecia de outros nacionais e provas. Já nos vamos conhecendo todos.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Gostavas de cá voltar?
Manuel Vilarinho: Gostava, mas como é o último ano que posso participar em Optimist, gostava de cá voltar em 420.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Quando subires de escalão, o que gostavas de praticar?
Manuel Vilarinho: Não posso escolher o laser, porque sou muito “levezinho”. Em 420 posso equilibrar o meu peso com outro colega.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: O que é a vela para ti?
Manuel Vilarinho: A vela é a minha vida, só penso em vela. Quando estou na escola, tenho que me concentrar para não pensar só na vela. Por mim, fazia vela todos os dias, mas não dá. Só posso fazer uma vez por semana, aos sábados. Adoro isto. Para mim, era o único desporto no mundo e que deixassem de ganhar milhões no futebol e que patrocinassem mais a vela. É um desporto mais completo e perigoso. Ensina-nos a ter mais garra na vida, para lutar pelo que queremos.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Como é que são as notas?
Manuel Vilarinho: Pois, isso é que é pior.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Há colegas teus da vela que se organizaram melhor na escola por causa da vela…
Manuel Vilarinho: Ah eu não. Por mim era só vela.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Gostavas de continuar ligado à vela na tua vida?
Manuel Vilarinho: Sim, gostava de ser velejador profissional.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Se não conseguires esse objetivo, o que gostarias de fazer ligado à vela?
Manuel Vilarinho: Neste caso, gostava de ser treinador.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Para o ano já sobes de escalão, mas em que provas ainda participas antes dessa mudança?
Manuel Vilarinho: Ainda vou fazer o próximo nacional e depois umas regatas em Aveiro, para brincar um bocadinho, para acabar.
Mas preciso de ficar nos 60 primeiros nesta prova para ir ao apuramento. Depois aí os cinco primeiros da tabela vão ao Mundial e do 6º ao 10º lugar vão ao Europeu.
Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Estás em que posição na classificação do EDP – X CPJ?
Manuel Vilarinho: Estava em 15º, mas no segundo dia de provas desci para 33º, por causa do vento. Estava muito vento e sou levezinho.