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Festival Náutico 2017: Entrevista ao Comodoro do Clube de Vela de Viana do Castelo

Rui Costa é Comodoro do Clube de Vela de Viana do Castelo há 10 anos e garante que não troca estas funções por quaisquer outras

Rui Costa, um apaixonado pela Vela, há 10 anos que é Comodoro (nome pomposo para Responsável Técnico) do Clube de Vela de Viana do Castelo, cidade que se orgulha de ter as melhores e mais modernas instalações de Portugal para a prática da Vela, que custaram perto de 2 milhões de euros.

É o Clube que mais investe na formação e só em transportes, em 2016 gastou qualquer coisa como 250 mil euros. É em Viana que estão situados os 4 maiores Centros Náuticos do País: Vela, Remo, Canoagem e Surf. Desde que o Centro de Formação de Vela está a funcionar – 2013 – o Clube de Vela de Viana já organizou vários Campeonatos Nacionais, 3 Campeonatos da Europa e 1 Campeonato do Mundo, o que representou milhares de visitantes. Atendendo à vocação da Horta como Cidade-Mar e ao inegável dinamismo do Clube Naval da Horta, Rui Costa gostava de se avistar com o Presidente da Câmara da Horta, José Leonardo, para convidá-lo a visitar estas magníficas instalações, com o objetivo de a Autarquia replicar o modelo na ilha do Faial.

Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta (CNH): De onde lhe vem o gosto pela Vela?

Rui Costa: Comecei a praticar Vela (Optimist) aos 7 anos de idade, tendo percorrido todas as classes. Mantive a prática até perto dos 40 anos, altura em que abandonei para assumir as actuais funções.

Gabinete de Imprensa do CNH: Tem sido sucessivamente eleito ao longo destes anos e consegue conciliar estas funções com a sua atividade profissional?

Rui Costa: Sim, tenho sido sempre reeleito e como sou empresário, consigo dedicar-me a este cargo, de que gosto muito. É uma oportunidade única para conhecer e viajar, algo que aprecio muitíssimo. Não troco esta vida por qualquer outra.

“A Vela não é um desporto para todos”

Gabinete de Imprensa do CNH: Os seus filhos são velejadores?

Rui Costa: Tenho uma filha com 13 anos que pratica Vela (Optimist) desde os 6.

Gabinete de Imprensa do CNH: A Vela é um desporto fácil?

Rui Costa: A Vela não é um desporto para todos, pois os miúdos sofrem muito, têm de ir para o mar em dias de mau tempo, com frio, têm os fins-de-semana praticamente todos preenchidos com atividades, não sobrando tempo livre para eles e para a família. Embora eu considere que não é difícil conciliar a Vela com a Escola, a verdade é que os velejadores têm menos tempo para estudar e para fazer os trabalhos de grupo. É preciso gostar muito da modalidade.

Gabinete de Imprensa do CNH: Mas a Vela também os ajuda a crescer...

Rui Costa: Muitíssimo! A Vela dá-lhes muitas competências, como autonomia, responsabilidade, capacidade de decisão, espírito de entre-ajuda. Um miúdo com 9/10 anos já tem de fazer opções e o facto de viajarem e conhecerem outras realidades, torna-os independentes, ativos, com um sentido de preparação para a vida.

Gabinete de Imprensa do CNH: A Escola de Vela de Viana do Castelo tem quantos velejadores?

Rui Costa: 50, sendo a equipa de Competição na Classe Optimist composta por 18 velejadores.

“A competição é o nosso maior foco”

Gabinete de Imprensa do CNH: Costumam vir ao Encontro Internacional de Vela Ligeira, que decorre no âmbito do Festival Náutico, organizado pelo Clube Naval da Horta?

Rui Costa: Esta é a segunda vez que a Escola de Vela de Viana do Castelo participa no Encontro Internacional de Vela Ligeira. Já tínhamos sido convidados em 2016, ano em que trouxemos um grupo de 20 elementos e este ano a comitiva é composta por 9 pessoas, em que a Organização da Prova contribui para as despesas. Trata-se de uma prova engraçada, que permite aos velejadores navegarem num sítio diferente, pois o mar daqui não é igual ao nosso. A qualidade aqui é alta. Os nossos miúdos aprendem e fazem regatas competitivas. Eles gostam de vir, de passear e de conhecer a ilha. E aproveito para agradecer o convite – pois é o único Clube dos Açores que nos convida – e a forma como somos tratados.

Gabinete de Imprensa do CNH: O que leva a Escola de Vela de Viana do Escola a aceitar o convite do CNH?

Rui Costa: É uma oportunidade de convívio para os miúdos, constituindo, também, uma oportunidade para conhecermos novos sítios, mas sem dúvida que a competição é o nosso maior foco, pois estamos habituados a ganhar, atendendo ao nível em que nos encontramos.

O Faial é uma ilha bonita, com pessoas acolhedoras. O Presidente do Clube, sr. José Decq Mota, trata-nos sempre muito bem. Quanto ao Treinador, o Duarte Araújo, já nos conhecíamos de lá. Portanto, estamos entre amigos.

Gabinete de Imprensa do CNH: Em Viana, há uma grande aposta na Vela...

Rui Costa: Tanto a Escola de Vela como os pais investem milhares neste desporto. Sem dúvida que a Escola de Viana do Castelo pode ser vista como um exemplo, sendo o Clube que mais investe na formação da Vela. No entanto, em Viana paga-se muito menos para praticar Vela do que em Lisboa ou noutra cidade do país. Uma mensalidade fica-se pelos 35 euros, enquanto que em Lisboa, por exemplo, ultrapassa em muito os 100 euros por mês.

Gabinete de Imprensa do CNH: As vossas instalações são as melhores do País?

Rui Costa: Sim, temos uma Escola de Formação, um Centro de Estágio, Área Social, Bar, Restaurantes, Ginásio, Camaratas, Hangar... Costumamos receber outros clubes e seleções internacionais. Organizamos a maior prova de Vela a nível nacional, com mais de 200 barcos e é que tratamos sempre das deslocações em terra. Tudo isto porque o Clube dispõe de meios de financiamento, que advêm das rendas resultantes do aluguer de vários espaços (restaurantes, escritório, etc). Também contamos com as quotizações dos Sócios, que são à volta de 300.

Gabinete de Imprensa do CNH: É um número pouco representativo. Não é daí que provém o grosso das vossas receitas...

Rui Costa: Sim, é um número reduzido. O grande impulsionador financeiro do Clube é o dinheiro das rendas.

“A Câmara de Viana aposta fortemente na Vela”

Gabinete de Imprensa do CNH: As vossas instalações, de topo, foram oferecidas pela Câmara Municipal de Viana do Castelo...

Rui Costa: Trata-se de um edifício de raiz, tendo a Câmara se candidatado a um projeto europeu. Assim sendo, a obra foi suportada em 85% por fundos comunitários e os restantes 15% saíram dos cofres camarários.

Gabinete de Imprensa do CNH: Estamos a falar de um modelo para o país, muito invejado?

Rui Costa: O projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo – há muito pensado – constitui um exemplo para todo o país. As nossas instalações são muito procuradas e visitadas por autarquias de várias zonas de Portugal.

Em 10 anos, a cidade de Viana deu um salto enorme. Éramos pequenos e pobres e chegamos a este ponto de grandeza, graças também ao trabalho de voluntários e gente amiga.

Gabinete de Imprensa do CNH: O objetivo é replicar o vosso exemplo?

Rui Costa: Naturalmente que todos querem perceber como é que isto foi feito e ambicionam ter um Centro de Vela como o nosso. Dá muito trabalho, mas dá um gozo ainda maior. Sem dúvida que este projeto funciona como um incentivo para toda a gente.

“Convido o Presidente da Câmara da Horta a visitar o nosso Centro”

Gabinete de Imprensa do CNH: Acha possível haver algo semelhante na ilha do Faial, ainda que a uma escala mais reduzida?

Rui Costa: Claro que sim! Se houver vontade política, tudo é possível. Não estamos a falar de muito dinheiro para uma autarquia. O nosso Centro custou à volta de 2 milhões de euros, mas é preciso ver que a Câmara só pagou 15%. Com esta obra, a Cidade de Viana passou a ter os 4 maiores Centros Náuticos do país: Vela, Remo, Canoagem e Surf. Viana tem rio, tem mar e grandes tradições marítimas, com excelentes condições para a prática destas 4 modalidades.

Reafirmo: o Faial tem hipóteses. Eu próprio gostava de convidar o Presidente da Câmara Municipal da Horta a ir visitar o nosso Centro de Vela. Tenho muito gosto em oferecer-lhe a passagem e a estadia. É meu convidado. Gostava muito que ele se encontrasse com o nosso autarca, José Maria da Costa. De certeza que a conversa iria ser muito produtiva.

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“Cada atleta tem o seu barco e todo o equipamento adquirido a expensas próprias”

Gabinete de Imprensa do CNH: Certamente que o retorno já se começou a fazer sentir?

Rui Costa: Já organizámos vários Campeonatos Nacionais, 3 Campeonatos da Europa, 1 Campeonato do Mundo, o que atrai milhares de pessoas, chegando ao ponto de não haver capacidade hoteleira, pois Viana não é uma cidade muito grande. Em Outubro de cada ano costumamos organizar a maior regata do País, na Classe Optimist, com mais de 200 barcos.

“900 alunos das Escolas do Concelho na Vela, Remo, Canoagem e Surf”

Gabinete de Imprensa do CNH: Há, também, participação por parte dos alunos das Escolas locais?

Rui Costa: Foi desenvolvido um projeto pioneiro entre a Câmara de Viana e o Ministério da Educação, o que faz com que todos os alunos do Concelho pratiquem estas 4 modalidades nos tempos destinados às aulas de Educação Física. São 900 alunos. Só em transportes, em 2016 foram despendidos 250 mil euros.

Gabinete de Imprensa do CNH: Mas também há uma comparticipação grande por parte dos atletas e dos pais destes?

Rui Costa: Muito diferente do que acontece aqui. Cada atleta tem o seu barco com todo o equipamento necessário, adquirido a expensas próprias. Para a Iniciação, consegue-se um barco usado por mil e poucos euros. Se já estivermos a falar de competição, um barco novo pode chegar aos 5 mil euros. E os pais gastam isto e mais. Mesmo os que têm menos possibilidades, pois os filhos são a grande prioridade dos pais. Eu próprio invisto bastante na minha filha.

Gabinete de Imprensa do CNH: Mas e se estivermos a falar de uma família carenciada, o Clube não apoia?

Rui Costa: Claro que apoia! O Clube dispõe de equipamento que cede a atletas que não têm possibilidade de ter o seu. Não é por falta de equipamento que alguém vai deixar de praticar.

Gabinete de Imprensa do CNH: O que acha dos atletas do CNH?

Rui Costa: A nível competitivo não se nota diferença em relação aos do Continente e digo isso avaliando os resultados que eles alcançam, pois já estiveram em Viana. Mas claro que só evoluem se saírem e competirem.

Noto que há dificuldades inerentes à insularidade, mas o Clube Naval da Horta funciona bem. É um Clube que vejo representado em vários Campeonatos no Continente e percebe-se que investe nos miúdos.

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