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Festival Náutico 2017: O mar como ginásio - Joana Meneses dá aulas de ioga em pranchas de paddle

O sonho era ser atriz, mas o ioga, o pilates e o exercício físico levaram a melhor

Joana Meneses nasceu na ilha Terceira, mas com 2 anos emigrou com a família para o Canadá. Perseguindo o sonho de ser atriz, mais tarde mudou-se para Nova Iorque, onde queria aprender teatro. Como era preciso pagar as formações, servia às mesas em restaurantes, o que não se afigurava fácil. Cansada dessa vida, fez formação em pilates e ioga e começou a dar aulas nesta área, pois sempre gostou de exercício físico, tendo praticado vólei e basquetebol.

Revela que gostou “tanto de pilates”, que se especializou e já deu formações em Espanha, no Brasil, Portugal (no Estádio do Benfica), América (Porto Rico, Bermudas, Toronto, etc) e noutros países um pouco por todo o mundo.

“Se não falasse português não teria conseguido tudo isto”

Foi a primeira professora de pilates dos Estados Unidos da América e há 18 anos que dá aulas de ioga, pilates, exercício físico, porque gosta “muito de movimento e de mar”.

Como o pai nunca se adaptou completamente ao inglês – ao contrário da mãe – teimou em continuar a falar português, o que fez com que a filha tenha mantido a língua materna. “E isso foi uma mais-valia”, sublinha Joana Meneses, pois foi contratada precisamente por dominar o português, além de também saber espanhol, italiano e o inglês, naturalmente. “Se não falasse português, certamente que tantas portas não se tinha aberto para mim”, frisa esta açoriana de português meio americano, mas com um forte sotaque terceirense.

Outro aspeto que fez com que não esquecesse as origens, foram as férias anuais passada na Terceira, terra de “muitos familiares e amigos”.

E foi depois de um Verão passado na terra natal e ao regressar à América, que apostou na prancha para fazer exercícios em água, passando o mar a funcionar como um ginásio. Com o patrocínio da Aqua Physical (empresa da Inglaterra, onde é professora) conseguiu que fosse criada, há 5 anos, a primeira prancha para fazer exercícios em água, “o que é bom e desafiante”. As pranchas podem ser usadas na piscina, durante o Inverno.

Joana Meneses define as suas aulas como sendo uma combinação de pilates, ioga e exercício físico. “Os participantes divertem-se tanto, que se esquecem que isto é trabalho”, salienta, explicando: “As pessoas pensam que precisam de ter concentração e controlar a respiração, mas o ar puro e o mar é que dão a estabilização. No ginásio, apenas são trabalhados alguns músculos, ao passo que as aulas de ioga em pranchas de paddle no mar permitem fazer exercício ao ar livre, trabalhando todos os músculos. O alinhamento e a postura são feitos de uma forma diferente daquilo que acontece no ginásio”. “É importante as pessoas fazerem uma pequena pausa no seu dia-a-dia agitado para respirar e apanhar um pouco de ar livre”, aconselha esta adepta do físico em harmonia com a mente.

“Agradeço muito ao CNH”

Este é o segundo ano que Joana Meneses é convidada pelo Clube Naval da Horta (CNH) para dar as suas aulas no decorrer do Festival Náutico, que têm como espaço de eleição Porto Pim. A primeira vez foi em 2016 e “correu muito bem”. “Agradeço muito ao Clube Naval da Horta na pessoa do seu Presidente, o senhor Decq Mota, assim como a toda a sua equipa. Sei que trabalham muito e é uma honra estar novamente aqui este ano”, realça Joana Meneses.

Sendo da Terceira, já desenvolve esta prática na sua terra, tendo, também, dado aulas em São Miguel.

Segundo esta profissional, “os grupos estão a gostar muito das aulas deste ginásio da água” e os preços praticados são bastante acessíveis. Só para termos uma ideia, se for um grupo de 10/12 pessoas, o custo por prancha (aula) ronda os 7,5 euros e, no caso de ser uma aula individual, pode atingir o dobro.

As últimas aulas desta professora de bem consigo e com o cosmos, realizam-se esta quarta-feira, dia 9, havendo duas sessões: a primeira às 11 e a segunda às 18 horas, sempre em Porto Pim. As inscrições podem ser feitas no Secretariado do CNH, a funcionar no Centro de Desportistas Náuticos.

Porto Pim: “As aulas de ioga em pranchas de paddle no mar permitem fazer exercício ao ar livre, trabalhando todos os músculos”

Joana veio por um período de 3 meses, encontrando-se já há 2 na Terceira, onde vai ficar mais 1. Confessa que para o ano gostava de voltar outro tanto tempo com o intuito de estabilizar a sua empresa, a BodyRoots Azores (no Canadá tem a designação de BodyRoots). Esta professora não se cansa de enaltecer e elogiar o trabalho dos amigos terceirenses, Luciano Correia (que fez pranchas para o mar) e do Alexandre Barcelos, que considera “mais do que amigos: São a minha tribo! Têm trabalhado graciosamente. O Luciano tem roubado muito tempo à família para desenvolver a empresa nos Açores, tendo estado no Faial. Ambos sabem que primeiro é preciso investir. Há 2 anos que trabalhamos e nenhum está a ganhar para montar o ginásio no mar. As pessoas da Terceira estão a adorar este projeto e são simpáticas. Aliás, não são só os terceirenses, são todos os locais! Já viajei muito por todo o mundo e nunca conheci pessoas como os Açorianos! Eles abrem os braços e deixam entrar tudo em casa. Todos me têm ajudado: o Governo, a Sata, o Grupo Bensaúde, a Polícia Marítima. É um programa muito fixe e só posso agradecer a todos, pois nunca me trataram como uma estrangeira mas, sim, como uma filha da terra”.

Em 2016, Joana trouxe um grupo da América para fazer aulas no mar da Terceira e uma dessas pessoas arranjou 11 amigas e este ano vieram até à Praia da Vitória celebrar o aniversário dela. O grupo é de apenas 12 pessoas por ser precisamente esse o número de pranchas que Joana trouxe. Estas 12 pessoas de Nova Iorque tiveram duas aulas por dia: a primeira era com as pranchas, no mar, e a segunda aula era de ioga nos tapetes, na praia.

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Porto Pim: “Fascina-me fazer exercício no mar onde nasci. Trata-se de uma combinação entre o espírito e o corpo”

“Não preciso de muito dinheiro, pois ele não paga a felicidade”

A propósito das aulas de pilates, ioga, enfim, do exercício físico de conjunto, Joana diz: Adoro o que faço. Dá-me vida! Fascina-me fazer exercício no mar onde nasci. Trata-se de uma combinação entre o espírito e o corpo. Estou sempre a aprender, já que as formações também me ensinam coisas novas. O meu objetivo é melhorar constantemente! Não preciso de muito dinheiro, pois ele não paga a felicidade. Tenho o privilégio de sentir e viver esta alegria. O meu pai faleceu com cancro e a minha mãe também já partiu, com apenas 45 anos. Por isso, quando atingi essa idade, tive algum receio, mas o que mais desejo é viver e fazer tudo o que ela não teve oportunidade.

Meus pais emigraram para terem uma vida melhor para eles e para os filhos e sei que estou a honrar o legado que me transmitiram. Sinto-me livre e abençoada por fazer o que gosto e poder viajar. Tenho o melhor de dois mundos, considerando que os meus pais me deram tudo para que eu agora possa estar a receber”.

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