cal   fb    tw    instagram   telegram   whatsapp   yt   issuu   meo   rss

 

“A Figura do Mês” - Alzira Luís: “O CNH tem sido uma grande Escola de Directores”

Alzira Luís a bordo do “Açores” na Regata Vannes/Horta/Vannes, no ano de 1994

Tem na Vela de Cruzeiro a “menina dos olhos”. Há perto de 30 anos que está envolvida na Organização da maior Regata de Vela de Cruzeiro dos Açores: a “Atlantis Cup”, desempenhando diversas funções.

Fazendo parte da “mobília” é tida como um elemento “muito prestável, competente e empenhado”.

Pertence a uma família ligada ao mar e a diferentes desportos náuticos. Fala desassombradamente do Clube Naval da Horta (CNH), do papel e das carências desta instituição náutica, que tem contribuído, a diversos níveis, para que o Faial seja aquilo que é dentro e fora de portas.

Falamos de Alzira Luís, que simpaticamente acedeu ao convite para ser “A Figura do Mês” de Novembro de 2018.

“O CNH precisa de Sócios frontais, determinados e interventivos como a Alzira é!”

Aproveitando esta oportunidade, José Decq Mota, Presidente da Direcção do CNH, tece algumas considerações sobre esta Faialense, um exemplo na sua dedicação a este Clube.

“A Alzira Luís é uma Sócia do CNH, muito empenhada e participativa, que, ao longo de muitos anos, tem dado contributos inestimáveis, quer na realização de eventos fundamentais, quer na discussão, franca e frontal, de muitos problemas da vida do Clube, podendo e devendo dizer-se que contribuiu e continua a contribuir para a consagração de orientações e práticas verdadeiramente associativas na condução da vida do Clube Naval da Horta.

Desde que regressou do Continente, no início dos anos 90, Alzira Luís envolveu-se, muito fortemente, em importantes tarefas do CNH, muito especialmente na área da Vela de Cruzeiro. Nesta área, para além de membro activo da Comissão da Secção por algum tempo, tem integrado Comissões de Regata e desempenhado funções fundamentais de Secretariado, tudo isto no quadro de um Voluntariado esclarecido e empenhado.

Assume especial importância e significado a sua participação na equipa organizativa da “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”, onde, com muito trabalho e rigor, contribuiu, ao longo dos anos, para que fosse construída e consolidada a imagem muito positiva que esta Regata Açoriana tem, por conseguir associar uma verdadeira competição desportiva entre veleiros de cruzeiro, com actividades de conhecimento e divulgação deste Arquipélago.

A Alzira Luís é, desde há muitos anos, Membro do Conselho-Geral do CNH, onde tem sempre uma prestação muito lúcida e construtiva, sendo esta participação em Órgãos Sociais eleitos uma opção da própria, que também já foi convidada para integrar Direcções.

A Alzira Luís, a par de muitos outros, personifica a verdadeira cultura de Voluntariado activo dos Sócios, que dá vida e sustento às actividades deste Clube Naval.

Por seu turno, o CNH para continuar a ser aquilo que é e que quer ser, precisa sempre de muitos Sócios frontais, determinados e interventivos como a Alzira é!”

- Gabinete de Imprensa do CNH: A que se deveu a sua ligação ao Clube?

- Alzira Luís: Saí do Faial muito cedo, em 1974, e só regressei em 1990. Só me fiz Sócia depois de vir definitivamente para o Faial. Terá sido durante o ano de 1990.

A ligação ao Clube Naval da Horta foi natural quando vim viver para o Faial. Antes só vinha de férias e era outra coisa.

Naturalmente que o facto de os meus irmãos estarem todos ligados a esta “casa” também pesou nesta minha decisão.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Os seus irmãos sempre estiveram ligados ao Clube e ao mar?

- Alzira Luís: Sim, todos passaram pelo CNH: o António, o Hildeberto e o Antero pela Vela e Windsurf, e a minha irmã Ana Paula pelo Remo.

fig mes alzira luis 2

Hildeberto e António Luís (irmãos de Alzira Luís), na Regata Vannes/Horta/Vannes, no ano de 1994

- Gabinete de Imprensa do CNH: Praticou desportos no CNH? E fora do Clube?

- Alzira Luís: Nunca pratiquei qualquer modalidade no CNH.

A nível federado, só na Universidade do Porto: Ténis de Mesa.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Em que áreas deu e continua a dar o seu contributo aos Clube?

- Alzira Luís: A única modalidade em que tenho colaborado, em contínuo, é na Vela de Cruzeiro.

Faço parte do Conselho Geral há já muitos anos, nem sei desde quando.

“Quando os projectos são válidos, as pessoas aparecem”

fig mes alzira luis 3

Leonor Lourenço e Alzira Luís conquistaram o 2º lugar na Regata das Sereias da Semana do Mar de 1996 (9 de agosto), a bordo do “Tamarin”, que na altura pertencia a José Decq Mota

- Gabinete de Imprensa do CNH: Por que razão gosta de colaborar com o Clube?

- Alzira Luís: Não existem razões para se gostar de colaborar; colabora-se ou não. É uma questão de cidadania. Ou temos disponibilidade, que não é de tempo, porque tempo sempre há, ou não temos disponibilidade.

Quando os projectos são válidos, as pessoas aparecem.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Identifica-se com o CNH?

- Alzira Luís: Penso que existe um espírito de CNH, não sei explicar. Só vivenciando.

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que representa para si o CNH?

- Alzira Luís: Um espaço de convívio, de camaradagem e muito trabalho.

“O CNH tem formado os mais destacados profissionais”

 - Gabinete de Imprensa do CNH: E para o Faial?

- Alzira Luís: A existência do CNH na ilha do Faial tem permitido que os seus atletas, ao longo dos anos, tenham dado origem aos mais destacados profissionais em áreas ligadas ao mar, nomeadamente Pilotos de Barra, Gestão Portuária, Marinha Mercante, Marinha Portuguesa e outros, além de termos neste momento um atleta de Alta Competição, que está no Projecto Olímpico que visa os Jogos de 2020, em Tóquio, no Japão.

Tenho a firme convicção de que a passagem pelo CNH foi determinante para as suas opções profissionais.

O Clube Naval da Horta tem sido também uma grande “ESCOLA” de directores.

Não esquecendo que, por via das participações em provas fora da Região e do País, o CNH tem levado o nome no Faial e dos Açores por esse mundo fora.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Fez parte de alguma Direcção?

- Alzira Luís: Não. Cheguei a ser convidada, mas na altura estava envolvida noutros projectos.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Mas gostava de fazer?

- Alzira Luís: Nunca tive essa aspiração. Sempre achei que o meu contributo podia ser da mesma maneira válido noutras funções mais operacionais.

 - Gabinete de Imprensa do CNH: Acha que qualquer pessoa pode ser Presidente do CNH ou é preciso ter um determinado perfil? Qual é, na sua opinião, esse perfil?

- Alzira Luís: Qualquer pessoa que tenha perfil de líder pode ser Presidente de qualquer coisa, no entanto, para ser Presidente do Clube Naval da Horta tem que se ter um “gostinho” especial pelo meio onde as actividades se desenrolam, o MAR, e, claro, fazer-se rodear de directores igualmente líderes e conhecedores das modalidades.

Não esquecer que em regra os Clubes Desportivos na Região têm em actividade regular duas ou três modalidades, havendo sempre uma modalidade principal.

No CNH, não há modalidade principal, são 13, salvo erro, e são todas principais e todas muito exigentes!

“O “barco” está grande e não é qualquer “comandante” que o põe a navegar”

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que acha do actual Presidente?

- Alzira Luís: Digo que tem sido a pessoa certa no lugar certo, nos vários mandatos.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Entende que ele devia continuar? Vai ser fácil substituí-lo?

- Alzira Luís: Sei, porque já o disse, que pretende deixar a Presidência do CNH, e percebo perfeitamente.

Não há insubstituíveis, mas talvez não seja fácil encontrar uma pessoa com tanta disponibilidade e conhecimento para o desempenho da função.

Mas como costumo dizer, tudo se aprende, haja vontade, e nisso o CNH tem sido uma “ESCOLA” para muita gente que por lá passou, nas diversas direcções.

fig mes alzira luis 4

1995: Regata das Sereias, Semana do Mar. Alzira Luís acompanhada por Carlos Fontes

- Gabinete de Imprensa do CNH: Pensa que vai ser fácil encontrar uma nova Direcção? (Há eleições no próximo mês de Dezembro).

- Alzira Luís: É uma questão que se coloca sempre que há eleições, principalmente quando o Presidente é considerado o ideal para as funções. 

Não sei se vai ser fácil ou difícil. Penso que o “barco” está grande e não é qualquer “comandante” que o põe a navegar no rumo certo. Mas com certeza que os Sócios saberão encontrar substituto(a).

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que leva as pessoas a integrarem listas para o CNH? Isto só dá trabalho, certo?

- Alzira Luís: Cada um falará das suas motivações e haverá diversas motivações, com certeza. Dá trabalho, e muito, mas como se costuma dizer “quem trabalha por gosto não cansa”.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Acha que quem está de fora se apercebe do movimento e do trabalho que esta “casa” representa?

- Alzira Luís: Existem várias maneiras de estar de fora. Há os que estão de fora, de tal modo, que quando passam na Avenida Marginal nem olham para o mar. 

No entanto, existe uma grande maioria que, quer por via dos filhos, de familiares, de colegas, de amigos ou conhecidos, da Comunicação Social e mais recentemente das redes sociais, tem conhecimento das actividades do CNH e facilmente se apercebem da envolvência das pessoas e do peso que o CNH tem na sociedade Faialense, Regional e até Nacional.

Basta falar com as pessoas de fora que vêm participar nas actividades organizadas pelo CNH para verificar o quão este Clube é considerado fora de portas.

Basta olhar para o canal ao fim-de-semana e ver-se-á quase sempre actividade do CNH.

Todas as pessoas que passam pelo associativismo, seja desportivo ou outro, sabem o trabalho que é necessário fazer para levar a bom porto os projectos em que estão envolvidos, e no Faial não é diferente.

“Pelo que vi no Projecto para a 2ª fase das Obras do Porto da Horta, nada consta para o CNH”

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que falta ao Clube?

- Alzira Luís: UM EDIFÍCIO-SEDE CONDIGNO, armazéns para as embarcações, salas para a formação teórica.

É preciso não esquecer que para o normal funcionamento de várias das modalidades existentes são necessários barcos de apoio. Este tipo de material tem que estar sempre em prontidão. Tem de haver condições físicas para o seu resguardo e trabalhos de manutenção.

Importante também são as condições necessárias para a invernia dos Botes Baleeiros.

Pelo que vi no Projecto para a 2ª fase das Obras do Porto da Horta, nada consta para o CNH.

Ao lado do “Novo” Pavilhão para as Marítimo-Turísticas vai ficar o “Velho” edifício do CNH, isto é como “remendar pano velho com pano novo”. Vai realçar ainda mais o péssimo estado em que se encontra o edifício. É uma vergonha!

fig mes alzira luis 5

2013: Molhe do Porto das Velas - Alzira Luís acompanhada pelo inseparável companheiro destas lutas, o Comandante José Salema, na chegada às Velas da Regata Horta/Velas/Horta. João Silva, assistente de imagem da RTP Açores, também ficou na fotografia 

“Formação para os Voluntários”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Considera que é possível o CNH fazer mais do que aquilo que já faz? Em que sentido?

- Alzira Luís: São as pessoas que fazem as instituições e a sua actividade será sempre aquilo que as pessoas quiserem. Se os Sócios quiserem fazer mais, com certeza que farão.

As condições físicas são muito importantes, mas se as pessoas não quiserem, nada feito.

As últimas direcções têm-se preocupado em ter técnicos credenciados para a formação nas várias modalidades, o que é fundamental para a evolução dos atletas.

Neste sentido, terá sempre que haver essa preocupação de melhoria da oferta técnica.

Um tema que considero importante e sei que fazem noutros locais é “Formação para os Voluntários”. Geralmente os Voluntários são pessoas já ligadas às actividades do Clube, no entanto, as especificidades dalgumas provas e as técnicas de apoio no mar com embarcações merecem especial atenção. Por isso, considero este ponto importante em termos de Segurança e Salvaguarda da vida humana no Mar.

fig mes alzira luis 6

Comissão de Regata da “Atlantis Cup” 2004 e Campeonato Nacional de Cruzeiros

Da direita para a esquerda: Sergio Steffani (de camisola vermelha); Nuno Rodrigues; Fátima Menezes; Jorge Rosa; Paulo Martins; Comandante José Salema; Alzira Luís e Jorge Macedo

 “Atlantis Cup” = vontade e teimosia

- Gabinete de Imprensa do CNH: Há anos que está ligada à Organização da “Atlantis Cup”. O que representa esta Regata para o Faial e para os Açores?

- Alzira Luís: A “Atlantis Cup” foi e é a única Regata de Vela de Cruzeiro que tem levado os Açores aos Açores, proporcionando a ligação entre as várias ilhas do Arquipélago.

Foram acasos felizes que levaram à realização da 1ª “Atlantis Cup”, em 1988. Os tempos eram outros, não havia Marinas, as embarcações eram bem diferentes. Prevalecia o espírito de aventura duns quantos, que tinham e ainda têm água salgada nas veias.

A vontade e a teimosia – também é preciso alguma – fez com que se continuasse a realizar (excepto em 1998, por causa do sismo) até aos dias de hoje.

Para o Faial e para os Açores, é com certeza prestigiante ter uma Regata anual que soube, ao longo da sua história, cativar patrocinadores oficiais e privados e mais recentemente a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), passando a sua designação para “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”.

Para o Faial, a Regata tem impacto na justa medida em que traz barcos e pessoas que ficam mais ou menos tempo e em termos económicos representa algum acréscimo.

Ao alterar as datas de modo a terminar na Horta no início da “Semana do Mar”, a ideia era trazer mais barcos para as regatas da “Semana do Mar”.

Nas ilhas por onde passa, o impacto é maior. Estão todos fora de casa e, portanto, o impacto económico é maior. Em ilhas mais pequenas, como a Graciosa, Santa Maria, São Jorge e Flores, este acréscimo de actividade económica é notório, quer seja por via dos participantes, quer por via dos Eventos Sociais promovidos pelos respectivos Municípios.

Penso que a Câmara Municipal da Horta é a única das 19 dos Açores, que até à data nunca “brindou” a “Atlantis Cup”.

fig mes alzira luis 7

Um momento de descontracção no decorrer da “Atlantis Cup” de 1999. A jogar aos Matraquilhos estão Jorge Macedo e Jorge Rosa contra José Victor Alves e Rui Silva

“Qualquer que seja o figurino, a “Atlantis Cup” será sempre uma grande Regata” 

- Gabinete de Imprensa do CNH:  A “Atlantis Cup” devia ter um novo figurino ou está bem assim?

- Alzira Luís: Conheci as várias versões da “Atlantis Cup”. Tive a oportunidade de participar como tripulante do “Ilha Azul II” na última edição, penso que  realizada no mês de junho, em 1993, com o percurso Horta/Angra do Heroísmo/Ponta Delgada. Nas outras versões participei em muitas, mas na Organização, o que envolveu em muitas, trabalhos de medições para o “Rating do CNH”.

A logística da Organização da “Atlantis Cup” é complexa e está condicionada pelos horários das ligações aéreas, pelas condições existentes nos vários Portos, pelo tráfego portuário, no caso principalmente de Ponta Delgada e Vila do Porto, isto para falar só de algumas.

Caberá à futura Direcção definir o que pretende fazer com a “Atlantis Cup”. Depois do que já foi feito, as portas estão abertas para se fazerem novos percursos.

Qualquer que seja o figurino que se pretenda utilizar, a “Atlantis Cup” será sempre, com certeza, uma grande Regata.

fig mes alzira luis 8

Alzira Luís – que tem sido o rosto do Secretariado da Prova – em medições para o “Rating CNH”, na “Atlantis Cup” de (17 Julho) 1999 

- Gabinete de Imprensa do CNH:  Acha que esta Regata pode crescer no sentido de ser mais divulgada e atrair novos participantes?

- Alzira Luís: Durante as 30 edições da “Atlantis Cup” houve altos e baixos na divulgação e atracção de novos participantes, determinados pela visão diversa das várias Direcções.

Houve campanhas de divulgação muito eficazes e que permitiram a integração na “Atlantis Cup” de duas “expedições” da Associação Nacional de Cruzeiros (ANC). Estas participações deixaram semente e vários participantes da ANC da altura, voltaram por mais de uma vez por sua iniciativa.

As ilhas estão cada vez mais próximas, as embarcações são melhores e mais rápidas, já não existe a mística doutros tempos, a aventura!

Os novos participantes, não só as embarcações, são também os tripulantes e tem acontecido o aparecimento de novas tripulações vindas do exterior.

É fundamental não esquecer que estamos no meio do Atlântico e que para chegar cá são precisos 7 a 8 dias de navegação pelo menos, mais uma semana para a Regata e mais uma semana de regresso, o que perfaz três semanas, no mínimo dos mínimos.

Normalmente tem-se quatro semanas de férias, por isso tem acontecido nos últimos anos virem só as tripulações, que fazem a viagem de avião até cá, realizam a Regata e regressam de avião, e para isso alugam as embarcações cá.

No Conselho-Geral de 13-06-2016 sugeri que se fizesse o registo da marca “Atlantis Cup” no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). (De acordo com o que se pode ler na página oficial do INPI, “uma marca é um sinal usado para distinguir produtos ou serviços de uma empresa no meio comercial. Além da marca, podem ser registados outros sinais de comércio: logótipos, denominações de origem, indicações geográficas, marcas de associação, marcas de certificação e recompensas. Em Portugal, só o INPI é que pode atribuir direitos de exclusividade sobre marcas e outros sinais utilizados no comércio)”.

Penso que seria importante o registo para manter a exclusividade do nome. Este registo é um pouco complexo, mas decerto teria ficado concluído antes dos 30 anos. Na altura, a Direcção incluía dois juristas. Foi pena que não se tivesse feito. Teria sido um aniversário bem mais impactante, na minha opinião.

Espero que um dia isto possa acontecer.

fig mes alzira luis 9

10-06-1995: Alzira Luís na Regata “Volta à Ilha”, no “Ilha Azul” 

- Gabinete de Imprensa do CNH:  A “Atlantis Cup” contribuiu para aquilo que é hoje a Vela de Cruzeiro na Região?

- Alzira Luís: Penso que não se pode falar de Vela de Cruzeiro na Região.

Actualmente, existe na Região uma frota muito interessante de embarcações de Vela de Cruzeiro, com maior incidência nas ilhas do Faial, Terceira e São Miguel, que ao longo dos anos foi aumentando e actualizando-se. Isto não significa que tenha aumentado a participação das embarcações nas provas organizadas pelos vários clubes navais dos Açores.

Houve um “boom”, primeiro em São Miguel e depois na Terceira na sequência da construção das marinas de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo. No entanto, a Marina das Portas do Mar já não teve influência no crescimento da frota em São Miguel.

O objectivo da aquisição duma embarcação de Vela não passa obrigatoriamente pela participação desportiva.

Nos últimos anos e fruto dos incentivos financeiros existentes, tem aumentado o número de empresas com embarcações de vela inscritas na actividade Marítimo-Turística, o que tem proporcionado a vinda de tripulações para a “Atlantis Cup”.

Neste novo paradigma, já não são só as embarcações que vêm mas, igualmente tripulações, o que é também uma mais valia a nível económico.

Como já referi antes, esta nova actividade – aluguer de embarcações à Vela, sem ‘skipper’ – tem permitido a vinda de mais tripulações.

Existe também uma nova geração de proprietários de embarcações que participaram como tripulantes e que agora têm como objectivo participar na “Atlantis Cup” com as suas embarcações.

Crescimento do Festival Náutico depende das Entidades Locais e Regionais

fig mes alzira luis 10

Alzira Luís no apoio à Regata dos Velhotes, no decorrer da Semana do Mar de 1997, a bordo da embarcação de apoio

- Gabinete de Imprensa do CNH:  E o Festival Náutico, tido como o maior de Portugal, pode crescer ainda mais?

- Alzira Luís: Sim, dizes bem, tido como o maior de Portugal.

A capacidade de crescimento do Festival Náutico está dependente da capacidade financiadora das entidades Locais e Regionais.

É um Festival que só tem sido possível graças à grande capacidade organizativa e aos inúmeros Voluntários que, ao longo dos anos, colaboram com o CNH, cedendo o seu tempo, as suas embarcações e outros equipamentos.

É preciso não esquecer que este Festival envolve mais de 1.000 participantes, a grande maioria jovens, que vêm de fora da ilha. A logística é enorme!

“Os eventos são sempre realizados com o maior profissionalismo”

- Gabinete de Imprensa do CNH:  Considera que estes dois eventos representam aquilo que o CNH faz de melhor e por isso deveriam ser mais apoiados?

- Alzira Luís: A “Atlantis Cup” e o Festival Náutico são dois eventos de grande visibilidade e são organizados pelo CNH  com a maior responsabilidade e profissionalismo.

Todos os eventos, quer Locais, quer Regionais ou Nacionais que o CNH tem sido chamado a organizar, são sempre realizados com o maior profissionalismo.

Dizer que estes são os que representam melhor a actividade do CNH é minorar todo o restante trabalho nas outras actividades ao longo do ano, o que não considero justo.

Considero que estes eventos devem ser mais apoiados, ou antes, melhor apoiados. Se os apoios fossem pagos atempadamente, já era um grande passo.

De qualquer modo, os custos reais da Organização destes dois eventos nunca foram contabilizados considerando o grande número de Voluntários que dão o seu tempo, graciosamente, para a sua organização e realização.

fig mes alzira luis 11

Ponta da Doca: Semana do Mar de 1997 - Alzira Luís e Clotilde Duarte, elementos da Comissão de Regata 

- Gabinete de Imprensa do CNH: Acha que a classe política está consciente da importância do CNH?

- Alzira Luís: Dizem que sim, quando são chamados a falar publicamente sobre o CNH, mas basta olhar para o Edifício do CNH para ter a resposta.

“Será sempre necessário trabalhar para arranjar patrocinadores”

- Gabinete de Imprensa do CNH: É possível o Faial prosseguir sem um Clube como este?

- Alzira Luís: Penso que seria um pouco pretensioso pensar que o Faial não prosseguiria sem o CNH, mas que seria diferente, sim, isso seria sem dúvida!

- Gabinete de Imprensa do CNH: O futuro poderá passar pela diminuição da actividade?

- Alzira Luís: O aumento ou diminuição da actividade do CNH dependerá sempre da vontade dos Sócios.

É evidente que os apoios públicos e privados são muito importantes. Sabemos que a quotização dos Sócios é uma “gota”. Será sempre necessário trabalhar para arranjar patrocinadores.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Qual a Secção com que mais se identifica?

- Alzira Luís: Tem sido a Vela de Cruzeiro a “menina dos olhos”.

 - Gabinete de Imprensa do CNH: Com que Presidentes gostou mais de trabalhar?

- Alzira Luís: Não tenho preferência, passaram vários, 8 penso eu.  Todos diferentes com perspectivas e experiências de vida diferentes mas que procuraram engrandecer o CNH, dando o seu melhor.

fig mes alzira luis 12

Alzira Luís, na companhia de Filipe Silva, na Regata “S. Nicolau - um dia depois”, de 26 de Dezembro de 1994 

“Os organizadores não podiam sonhar a força da semente que estavam a lançar”

 - Gabinete de Imprensa do CNH: Na sua opinião, quais são os momentos marcantes do CNH?

- Alzira Luís: Foi determinante a organização do “Caldo de Peixe” em 1975, de recepção à Regata Portsmouth/Horta/Portsmouth. Os organizadores não podiam sonhar a força da semente que estavam a lançar.

As grandes organizações de Provas Regionais e Nacionais que têm prestigiado o CNH, nas várias modalidades, têm levado a sua capacidade organizativa a receber os maiores elogios.

A recepção das Regatas Internacionais com organização dos meios humanos e físicos necessários e contando sempre com grande número de Voluntários.

As participações de tripulações do CNH na “Route des Hortensias” e na “Horta/Vannes/ Horta” e mais recentemente a participação no “Campeonato do Mundo na Classe J80”, a convite dos franceses de Sables D’Olonne.

fig mes alzira luis 13

1994: Alzira Luís e Patrícia Lourenço na Ponta da Doca à espera da chegada dos barcos da Vannes/Horta/Vannes

A visita do Presidente da República, Dr. Mário Soares, em 1989, e mais recentemente, em 2017, a de D. João Lavrador, Bispo dos Açores, são provas do reconhecimento que é dado ao CNH, assim como a atribuição pela ALRAA da Insígnia Autonómica de Mérito Cívico, em 2017.

A atribuição do “Prémio de Excelência Desportiva do ano 2011”, em 2012.

Grandes festas, como o “Rally do Carnaval” em 1995, com um Concurso de ‘Cocktails’, apresentado pelas diferentes tripulações, e o 1º “São Nicolau, um dia depois” em 1994, em que as tripulações apresentaram momentos natalícios muito imaginativos.

A Regata Horta/Velas/Horta, a mais antiga.

Mas haverão muitos outros momentos marcantes, muitos mais!...

fig mes alzira luis 14

Um dos momentos do “Rally do Carnaval”, em Fevereiro de 1995, em que se realizou um Concurso de ‘Cocktails’ 

- Gabinete de Imprensa do CNH: O CNH de hoje tem alguma coisa a ver com aquilo que era há 20 anos?

- Alzira Luís: Nem pensar! Igual continua a ser o espírito que junta uns quantos por pura carolice, para trabalhar e a capacidade de agregar Voluntários para a concretização das suas organizações.

Esta enorme capacidade tem permitido ter em actividade, actualmente, 13 modalidades.

É obra! São mais de 100 eventos desportivos, por ano, em que participam atletas do Clube, dá mais de dois por semana!...

“Só quem acabou de chegar ao Faial não saberá que existe o CNH”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Fora do Clube, o que dizem sobre esta instituição?

- Alzira Luís: “CLUBE NAVAL” com observações elogiosas e de reconhecimento pelo trabalho que desenvolve.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Ainda há pessoas que no Faial desconhecem o CNH?

- Alzira Luís: Só quem acabou de chegar ao Faial não saberá que existe o Clube Naval da Horta. Mesmo assim, muitos que cá chegam já o conhecem. Hoje em dia a informação é globalmente distribuída e quem tem interesses na área procura.

Conhecer as actividades, os problemas, o trabalho muitos saberão. No entanto, nunca é demais divulgar as actividades do dia-a-dia, quaisquer que sejam. 

Nos tempos que correm, de intoxicação informativa, será necessário dar uma particular atenção à forma como a divulgação é feita, para que esta possa ser eficaz.

Enquanto que a ‘Newsletter’ e o ‘Site’ serão vistos pelas pessoas mais directamente ligadas ao CNH, as redes sociais têm permitido, com certeza, o aumento da divulgação das actividades do Clube, fazendo-a chegar a mais pessoas.

Não esquecer que a globalização da informação tem permitido que muita gente da diáspora e não só acompanhe regularmente a actividade do CNH.

fig mes alzira luis 15

1997: “Ilha Azul II” engalanado por ocasião do 50º Aniversário do CNH

Fotografias cedidas por: Alzira Luís

Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.