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CNH na Conferência Ecotur 2018

A convite da Câmara Municipal da Horta, o CNH esteve presente na Conferência Ecotur 2018, que se realizou no Teatro Faialense ontem, dia 19 de novembro de 2018.

Publicamos a intervenção de José Decq Mota, presidente do Clube Naval da Horta, nesta conferência sobre a importância da náutica e do turismo costeiro e marítimo para o desenvolvimento económico do concelho da Horta, assim como o vídeo apresentado nesta sessão.

Senhoras e Senhores

Com o vídeo que acabámos de apresentar procuramos corresponder ao desafio que nos foi posto e que consistia na “Apresentação da oferta das atividades náuticas do Clube Naval da Horta”. Penso que o trabalho apresentado dá a todos, justamente, a ideia nítida da intensa, diversificada, envolvente e aberta atividade do Clube Naval da Horta em muitas modalidades náuticas, em muitos e importantes eventos e na promoção dos Açores e das suas aptidões náuticas no exterior. Agora cabe-me a responsabilidade de, sem repetir a informação veiculada pelo vídeo, procurar, em poucas palavras, explicitar os princípios fundamentais que estão na base da orientação que leva a toda esta atividade, as questões fundamentais que levam a que o CNH seja uma instituição muito inserida nesta sociedade e no mundo náutico e deixar algumas notas, quer sobre as nossas boas práticas, quer sobre as nossas dificuldades.

Antes, porém, de iniciar essa breve exposição permita-se-me que felicite vivamente a equipe que concebeu o vídeo, selecionando temas e imagens, escrevendo os textos, realizando a montagem e a sonorização. Essa equipe é constituída por Artur Simões, Técnico do Gabinete de Informática e Comunicação do CNH, António Menezes Porteiro, Técnico de Gestão Desportiva do CNH, Inês Martins, colaboradora voluntária e contou com a colaboração estreita dos membros da Direção Jorge Fontes e Susana Rosa. A todos eles o meu muito obrigado.

Senhoras e Senhores

O CNH foi, desde o seu início, um Clube que aspirava a promover, de forma aberta, os desportos náuticos. Muito embora fosse inevitável que estas atividades fossem marcadas pelos paradigmas e imposições da organização social dominante em cada época, é certo que a abertura social do Clube e dos seus sócios, especialmente à juventude, foi uma realidade presente no passado que se expandiu fortemente, depois da democratização do País, iniciada com o 25 de Abril de 74.

A transferência para os Clubes da formação inicial em modalidades como a vela ligeira, a canoagem e a natação e a integração dos quadros competitivos dessas modalidades no movimento associativo e federativo, situação que nos Açores se processou no fim dos anos 80 e no início dos anos 90, trouxe aos Clubes outra e maior dimensão e criou mecanismos diretos de captação juvenil para os desportos náuticos.

Pode dizer-se, com rigor, que uma das linhas de orientação mais antiga e sólida na vida do CNH é a de manter uma abertura social muito forte que permite ao conjunto da sociedade, e em especial à juventude, aceder à prática de desportos náuticos. Essa abertura tem ajudado muito a que sejam esbatidas barreiras, nomeadamente as económicas, que se interpõem entre as famílias e modalidades desportivas que são muito onerosas.

Pode dizer-se, também com rigor, que as formas de organização adotadas nas várias modalidades, na gestão de contratos programas com as entidades oficiais que enquadram a atividade desportiva, na procura de técnicos credenciados, na gestão dos meios náuticos de apoio às modalidades e principalmente na mobilização de voluntários que enquadram regatas e provas, são a base prática viabilizadora dessa abertura e dessa crescente capacidade de mobilização.

A ligação dos faialenses ao seu porto, infraestrutura secularmente essencial ao desenvolvimento do Faial, determinou ao longo do tempo a criação de uma forte vontade de acolher bem quem chega por mar a esta ilha. Foi assim ao longo dos anos e foi assim quando começaram a aparecer os chamados “aventureiros”, navegadores que ousavam fazer longas travessias atlânticas em pequenos e, em geral, frágeis embarcações, quase todas de vela. Esta circulação de embarcações de recreio e de aventura foi-se acentuando sempre e a Horta passou a ser, e é hoje, um ponto de escala essencial para aquilo que agora designamos por Náutica Internacional de Recreio e Desporto.

O Clube Naval da Horta, constituído por muitas pessoas profundamente ligadas ao mar e que, lucidamente, percebiam e percebem a importância económica, social, desportiva e cultural desse imenso tráfego marítimo específico, desde sempre se associou a ações de receção, convívio e interação com esses navegadores. Foi assim que se começou a receber regatas e rallies náuticos, a organizar provas locais envolventes desses visitantes e a interagir, com muita força e determinação, com toda essa forte realidade desportiva e turística. Nasceu assim e consolidou-se fortemente outra linha de orientação do CNH que é a de contribuir para a promoção dos Açores, do Faial e do porto da Horta como destino náutico de excelência e a de envolver a Horta na competição internacional à vela de alta competição. Essa orientação é desenvolvida pelo Clube com grande intensidade e em parceria com várias entidades, nomeadamente, a CMH, a Portos dos Açores, SA, o Turismo dos Açores e a ARVA.

O Clube Naval da Horta participa com intensidade nas várias expressões do associativismo náutico federado e assume, de forma plena, os contributos que tem o dever de dar enquanto clube organizador de provas náuticas regionais e nacionais. O Clube, incentivando a qualidade, apoia sem reservas e com grande empenho, os projetos especiais como são o projecto olímpico do velejador de alto rendimento do CNH Rui Silveira, os percursos dos velejadores do CNH com estatuto de Jovem Talento, as participações em provas internacionais, como aconteceu este ano com o Campeonato do Mundo em J80, realizado em França e no qual participou, tendo por base um projecto de sustentação, uma equipe do CNH liderada por Armando Castro.

Este Clube tem demonstrado uma total disponibilidade e vontade de abrir novos horizontes na prática desportiva náutica, sendo exemplos claros disso mesmo a realização sistemática, nos últimos anos, da difícil e exigente travessia do Canal Faial Pico a nado, o empenho posto no Programa Vela para Todos – Faial sem Limites, de vela adaptada a portadores de deficiência, desenvolvido em parceria com a APADIF, bem como todas as ações de formação e promoção da Vela Ligeira, Vela de Cruzeiro, Canoagem, Natação, Windsurf, Apneia, Fotografia Subaquática, Modelismo Teledirigido (Miniveleiros), Pesca Desportiva de Costa, Pesca Desportiva de Barco e Motonáutica.

A participação e adesão do CNH ao vasto programa de recuperação, classificação e utilização desportiva do Património Baleeiro Móvel (Botes e Lanchas da Baleia) e o Protocolo feito com Juntas de Freguesia do Faial possuidoras de Botes, introduziram uma muito intensa atividade de prática e competição á vela e remo em Bote Baleeiro, mobilizadora de muitas pessoas de ambos os sexos, de todos os escalões etários e de todas as origens sócio profissionais. Acresce que esta é uma atividade de defesa da existência e utilização de embarcações tradicionais de uma grande qualidade náutica.

Toda a atividade que o CNH promove e desenvolve revela outra linha de orientação fundamental, presente há mais de 40 anos na vida do Clube, e que se traduz na permanente procura da diversificação das atividades náuticas, no aumento do numero de praticantes, na busca da qualidade desportiva, tudo isto num quadro associativo claro, participado e muito enriquecido com a participação voluntária dos sócios.

O CNH dispõe de um pequeno quadro de funcionários e dispõe da colaboração de técnicos nas áreas da Vela, Natação e Canoagem e de Formadores nas áreas da Navegação de Recreio e em outras áreas específicas e que desenvolvem a sua atividade no âmbito do Centro de Formação de Desportistas Náuticos. Dispõe de um serviço administrativo e de um gabinete de informática e comunicação. Dispõe de um serviço de armazém, oficina e abastecimento de combustível. Estes serviços são essenciais à vida do Clube, ao desenvolvimento de todas as rotinas, mas insuficientes para enquadrar toda a atividade que é necessária, no mar e em terra.

 O CNH é, há 42 anos, a entidade organizadora do Festival Náutico da Semana do Mar, concentrando em pouco mais de 8 dias, um enorme conjunto de regatas, provas e eventos desportivos náuticos, muito participados e, em muitos casos, de complexa organização.

O CNH é, desde há 30 anos o Clube Organizador da Regata de Vela de Cruzeiro Atlantis Cup – Regata da Autonomia, que faz navegar nas águas e entre as ilhas dos Açores, veleiros da Região e de muitas outras proveniências.

O CNH tem sido organizador, coorganizador, apoiante e colaborador de muitos campeonatos nacionais e regionais, de muitas regatas internacionais, de meetings, de concursos e outras iniciativas em áreas tão diversas como a vela, o windsurf, a canoagem, a natação, a fotografia subaquática, a apneia, a motonáutica e a pesca desportiva.

Toda esta enorme atividade, se é verdade que, na sua execução, exige que todos os meios profissionais do CNH estejam envolvidos, também é verdade que não seria possível esta intensidade de atividade sem um claro e assumido voluntariado exercido por quem se identifica com os objetivos do Clube.

As realidades que acabei de referir permitem isolar mais uma linha de orientação, assumida há dezenas de anos pelo Clube e que consiste na assunção de uma gestão associativa, muito valorizadora das aptidões náuticas dos sócios que voluntariamente enquadram muitas atividades.  O CNH tem sabido, e bem, fugir de algumas ideias, por vezes referidas, que tenderiam a substituir as suas práticas associativas de gestão por práticas de tipo empresarial, muito mais onerosas e limitadoras da atividade e da abertura que caraterizam o CNH.

O CNH tem conseguido desenvolver, num quadro de boas práticas antigas, as linhas de orientação que sublinhei. Não obstante isso, existem dificuldades sérias das quais destaco a insuficiência e degradação das instalações, que são de tal ordem que me levam a afirmar que o CNH não terá condições, muito proximamente, de manter o volume e variedade de atividade que promove e realiza, se esse problema, ligado à execução de um projecto pronto desde 2013, não for encarado de frente; destaco também as muito sérias carências actuais em equipamentos desportivos e embarcações de apoio, que para serem resolvidas necessitam de maior apoio e maiores patrocínios.

A terminar gostaria de frisar três pontos importantes:

O Clube Naval desenvolve práticas de preservação ambiental ativas, coerentes e consequentes, procurando engrossar os recentes movimentos de combate aos resíduos que vão empobrecendo os mares;

O Clube dá uma particular e muito forte atenção às questões da segurança no mar, quer nos treinos, quer nas provas.

O Clube mantém uma permanente preocupação em relação a tudo o que se prende com o futuro do Porto da Horta, que sendo uma muito importante mais-valia para o conjunto da Região Autónoma dos Açores não pode continuar a ser alvo de erros que diminuam as suas capacidades.

Termino reafirmando a minha profunda confiança de que o CNH e os seus sócios, em ligação muito forte com a sociedade de que faz parte, saberá, tal como tem acontecido ao longo da sus vida, encontrar o caminho que permitirá o seu reforço, ao serviço dos interesses do Faial, dos Açores e do País.

Fico à vossa disposição.

Disse, muito obrigado.

Horta, 19 de novembro de 2018

José Decq Mota 

conf ecotur 2 2018

conf ecotur 1 2018